Não sei se é por nos últimos tempos ter trocado a cerveja pelo carioca de limão, porque está frio e o café à noite não me deixa ir dormir às 22h, mas esta coisa da geração à rasca não me inspira.
Não é pelo argumento da comparação autoritária que estrangula imediatamente o debate, que cai morto graças a banalidades acerca do Ultramar. Também não é pelo argumento utilizado pelos pseudoprecupados com os mais frágeis deste mundo cão, atirados para fábricas em condições miseráveis.
Mundo cão por mundo cão, partilhamos o mesmo, é-me igual.
E não é sobretudo por me fartar de assinar contratos milionários em agências de comunicação graças ao meu fantástico trabalho e dedicação largamente reconhecidos pelos grandes cérebros financeiros deste país.
É pelo termo. À rasca vai bem com outras palavras bonitas como "mijar". Certo, é uma palavra querida do povo português, que tem orgulho naquela que diz ser a sua melhor qualidade, "desenrasca". Tem o mesmo sufixo. Mas à rasca tresanda a pedinchice. E infelizmente não nos diferencia de nada. À rasca não é objectivo para ninguém. É um mau ponto de partida. Ir para a guerra à rasca é capaz de ser parvo. Mas ir para lá gritar que se está mesmo à rasquinha é burrice. Mais vale estar quieto
Chamem-me snob. Mas à rasca não, por favor.
Falta-nos um objectivo. Falta-nos saber dizer o que queremos e não apenas o que somos. Ou seremos sempre a esganiçada dos "Deolindos" ou o rapazinho de bigode e Raybans.
Falta-nos poesia. Falta-nos inspirar os outros com a nossa luta, com a nossa guerra. Falta-nos crescer. Só um bocadinho.
Tu provas que cresceste bem, nunca te mostraste tão severa. Não me parece que tenhas razão condenando os que pretendem defender as novas gerações com a sua crítica às más governações dos poderes políticos, por meio de termos como esse de "pseudopreocupados". A preocupação não é exclusiva dos jovens que se afundam no mar da "merda" que lhes foi cozinhada, para entrar nessa das rimas que te quadram, mau grado o snobismo que dizes ter. Não tens os olhos fechados à realidade, e reagir contra os termos como esses de "rasca" ou " à rasca" é não querer encarar uma realidade que a todos fere, a começar pelos velhos - embora pouco contem - e a acabar nos jovens presentes e futuros, num país sem rumo. É preciso pôr o país no rumo certo, Ana, não interessam as designações. Isso, tens razão, é snobismo. E ingratidão. Berta Brás.
ResponderEliminarMas eu não condeno... e estou de acordo, as coisas estão más! E os jovens têm todas as razões para se sentirem descontentes, desiludidos. Quanto aos pseudopreocupados, era uma referência a bloggers e cronistas que têm falado no assunto, dizendo que os jovens não se podem queixar porque há outros bem pior. Não estou de acordo com isso. Só não me revejo numa geração que se chama à rasca. É só isso.
ResponderEliminarEu, realmente, não tinha "contextualizado", só vi o teu texto por um prisma. Mas os jovens - tens razão - devem esforçar-se mais, aqueles, pelo menos, que desbaratam a sua mocidade sem se prepararem para a vida e a saberem enfrentar com mais determinação. Não se trata de uma geração à rasca, é um país inteiro que se deixou atropelar, mau grado as consciências e as reflexões dos mais sérios, sobre o resvalar de um país que jamais chega a erguer-se de uma infância irresponsável, creio que por impreparação de fundo, vinda dos primórdios da nação, e na qual tudo se foi obtendo pelo esforço físico, mais do que pelo esforço mental, exclusivo de elites. E por isso não nos envergonhamos sequer, neste século XXI, de prescindirmos da nossa língua, avacalhando-a, sem dignidade, ao contrário dos povos europeus que respeitam orgulhosamente as suas, em função de uma origem que ninguém se importou mais de estudar aqui. Os jovens têm razão em estarem assustados, mas não é deixando-se manipular em tristes manifestações de pura algazarra inócua que conseguirão conquistar o seu futuro. Tens razão. Berta.
ResponderEliminar"Sous les pavés, la plage"
ResponderEliminarfalta-nos um maio 68 ;)